quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A escrever no aeroporto de Luanda

     Estou agora a escrever este post no aeroporto de Luanda. Mais uma jornada em terras africanas cheia de aventuras. Sem ter tempo para parar e escrever...deixo apenas uma das ultimas viagens.

     No outro dia (4 e 5 de Dezembro) fiz uma volta para ver a Pedreira do Zenza, a obra de Lucala (já a funcionar) e o inicio da terraplanagem de Camabatela. O projecto no qual estou envolvido – Agua para Todos - proporciona estes passeios que possibilitam ver paisagens belas e únicas. As estradas (as que existem) tornam a viagem um desafio e o carro tem de estar a altura dos acontecimentos. Dirigi sozinho até ao Zenza o Land Rover Defender!

     Dormi num contentor de estaleiro, depois de adormecer ao som de uma chuva que me fazia sentir uma pipoca gigante dentro de uma panela - “plac, plac!” gotas grossas e fortes com um ritmo cadenciado...

     Pelas 6 horas toca a acordar e tomar o pequeno almoço com uma vista do interior da selva e um sol de invejar. Pouco depois junto-me ao Eduardo e começamos a trabalhar. Linhas de produção a montar, maciços a betonar, paredes a levantar, zonas a compactar....bla, bla, bla até pelas 10:30 onde pego no sub empreiteiro do ferro e sigo para Lucala. Alguns Kms andados e chegamos a Lucala pelas 13 horas. Estivemos com as autoridades locais que nos elogiaram pela “maravilha ali plantada”.Agua é dos bens mais necessários por estas terras. A Estação de tratamento tinha sido instalada no dia anterior e já estava a debitar água tratada...bebi um trago e gostei, felizmente não soube a nada!!! Junto-me ao Sr. Neto que conduzia tambem um Land Rover e caminhamos para uma reunião com outra empresa. São 14:50 e paramos numa terra chamada Samba Caju para comprar uns pacotes de bolachas e beber umas águas pois os almoços tem de ser marcados no dia anterior no restaurante que encontramos aberto. Menos mau que a barriga já não rosnava.

     Chegamos a Camabatela pelas 16h e vejo o movimento de terras e tenho de proceder a re-orientação da base. Feito um telefone sou projectista e encarregado de implantação desta Estação. Seguimos para resolver alguns problemas de alojamento do pessoal na localidade, pois o gerente da coisa quer cobrar mais pelos fracos serviços prestados. Podem imaginar um quarto sem janelas e a pagar cerca de 40 € por noite sem pequeno almoço! Preços de Angola! Depois da coisa assim meio resolvida, decidimos seguir viagem e programar o jantar no Uige. Terra por mim conhecida dada a jornada das eleições. Chegamos ao restaurante e os meus camaradas de viagem ficam admirados quando entro e: “Por cá inginheiro!” disse logo o recepcionista. “De passagem e com fome” - respondi eu. Outros seguiram-se e ainda deu para cumprimentar os médicos cubanos que se encontram em missão de dois anos na localidade que tinham chegado no inicio de Setembro. Foi quando o colega Vunge pediu para ser o primeiro doente de uma médica, ao qual ela respondeu: “Perdona, pero soy ginecologa!” risada geral de fazer chorar lágrimas...

     Jantados e seguimos para Luanda pelas 22:30. Longa viagem essa! Paragens aqui e ali, sempre que dava o sono. Deu ainda tempo para conhecer mais um fruto. A JACA. Grande, pastilenta, gostosa e cheia de gomos e caroços lá passou no esofago algumas vezes. Devido à cola que ela deixa lavamos as mãos com recurso ao gasoleo que o Neto trazia e ainda metemos 20 litros para possibilitar a chegada a Cacuaco.

     Eram 3:30 e estava a deixar o bolide no Cacuaco para ir para casa. Cheguei a casa pelas 4:10 e deitei-me para pouco depois acordar...Eram 6:30 e o despertador toca – tinha de voar.

     Pouco mais de 2 horas de sono e toca a levantar. Fomos até ao Huambo de helicóptero. Voamos num Sikorsky S-92. Que paisagens...que cenas durante a viagem...infelizmente o cartão da minha máquina estava cheio e não estou autorizado a partilhar as fotos daquelas pessoas que se encontravam a dormir no heli e foram fazendo certas figuras... Estou a espera de poder partilhar o filme realizado pela camera-woman e realizadora Inês.

     Depois de um almoço tardio onde houve quem pudesse provar uma francesinha fui brincar com o Nelito. Um miudo que à poucos dias tinha feito 5 aninhos. Peguei-lhe pela mão e la fomos ao parque. Chegamos e entramos quando deparo com uma jovem: - “são 20 kwanzas!” olho para o Nelito com os olhos cabisbaichos e digo-lhe que tinha deixado a carteira no restaurante e tinhamos de sair. Ele fica triste e dá-me a mão. Ao cruzar o portão de saída olho para o chão e vejo 50 Kwanzas. Não sei quem os la deixou, mas proporcionou um grande divertimento durante 10 minutos! Baloiço, escorrega, cavalinhos e muitos sorrisos!

     Terminada a folia era tempo de descanso. Fomos alojados na moradia do Cristovão e da Zulmira.

     Um agradecimento especial ao casal que me recebeu a mim e ao Ricardo que nos facultou a sua despensa e alojamento. Um muito obrigado aos dois. Gostei imenso de cozinhar comida peruana.

      O almoço de domingo foi preparado por mim, pelo Ricardo, pela Aimy e pela Zulmira. Que maravilha. Não foi pela causa que tivemos que comer, mas sim pela vontade de partilhar um excelente bocado de tempo com amigos e colegas. A vida é feita desses pequenos momentos onde partilhamos as histórias e fazemos planos para o futuro. Viagens eram programadas, aventuras contadas...gostos, feitios, crenças e sensibilidades partilhadas com um entusiasmo de nos transportar para locais longínquos.     De regresso a casa pelas 18 horas foi tempo de descansar...e preparar a ultima semana de trabalho em Angola.

     São agora 20:33 e estou rodeado de gordos americanos a caminho do Texas. A comer batatas fritas e a beber coca cola. Parece que já estou a ser preparado para o impacto duma diferença abismal.

sábado, 22 de novembro de 2008

Dois sábados diferentes

Há uma semana atrás eram 8:30 e estava eu a andar a pé em direcção ao escritório. Desde as 9:00 até as 12:30 estive retido para tratar de assuntos pendentes da semana e preparar a semana seguinte. A chefe dá as orientações necessárias e pede trabalho feito. Dou datas de previsão da conclusão de trabalhos mediante aquilo que posso fazer e que podem fazer por mim.

Chegada a hora de almoço tenho ainda tempo de visitar 2 ginásios e optar por aquele que fica na Ilha de Luanda. (Até hoje, passada uma semana, ainda só fui uma vez!) Depois do almoço fomos ver uma casa pre-fabricada para analisar a qualidade do material. Deu para comprovar que o polivan estava bem montado dando pancadas introduzindo dinâmica no painel. Risada gerak pelo sucedido! Depois disso creio que vim para casa cuidar da roupa...lavar uma e estender outra máquina para passadas umas horas a apanhar (aqui o clima é tão mau que permite que as pessoas estendam uma máquina de roupa e passadas algumas horas a roupa esteja seca). Recebo uma mensagem para ir a uma jantarada. Decido aceitar. Tenho ainda tempo para ver a vitória do Porto e o início da derrota do Sporting contra o Leixões!!! Fui até casa da Sra. Jornalista onde encontrei pessoal de diversas nacionalidades e distintas áreas de negócios. Uns a trabalhar por contra própria e outros a serem treinadores de futebol, passando por sub-contratados de petrolíferas até à malta da construção. Havia noruegueses, romenos, franceses, brasileiros, colombianos, espanhóis, angolanos, portugueses, bulgaros... e elas também! Depois de jantar ainda fomos até ao PUB – Chill Out onde conheci mais uma colega de faculdade há 3 meses em Angola! Mais malta conhecida e mais um copo, mais animação e mais outro. Trocam-se uns contactos e regresso a casa pois o despertador tinha hora marcada para as 9:00.

Eram nove e trinta e tal e recebo uma chamada a perguntar se já estava pronto. Um colega tinha-me convidado para ir comer carne de caça! Rapidamente me arranjei e desci do 1º andar mesmo em jejum! Fomos buscar um outro colega de outras paragens; (num bairro que quando chove não se circula lá dentro dada a quantidade de lama criada)! Apanhamos um 4º elemento e lá fomos ate à Ecocampo. Almoçamos das 13:00 até as 23:00. Até parece mentira mas é verdade (tirando os curtos minutos que adormeci no sofá devido ao cansaço.). Terminado o jantar no qual não entro em grandes descrições: tinha carne de cordeiro, muito camarão, alguma cerveja e um café que teve a desgraça de não me ser servido. Estava eu a misturar a chávena com um pouco de café e uma gota àgua. Fiquei com uma queimadura no braço devido à queda da tampa do bule e o derrame de toda a agua a ferver... Altas dores e um forte trincar de dente. -Põe vinagre!! - gritava um – É melhor gelo! -retorquia outro. Mas o melhor para aliviar a dor era manter a mão sob agua fria corrente. Quando a tirava parecia que estava a arder. Um telefonema distinto a meio da tarde deixa uma colega assustada quando lhe transmito: estou numa casa particular não sei bem onde, perto de Cacuaco, num quarto com 3 espingardas e vou para casa de boleia não sei a que horas! Não era minha intenção preocupar a amiga mas a fraca ligação telefónica e a voz trémula fez com que isso acontecesse. Pelas 24h dormia profundamente em meus lençois.

E mais outro Sábado.

Hoje o dia foi dedicado ao trabalho. Fui de boleia com uma colega até a sede de uma empresa do Grupo. Encontrei o meu carro mas antes de sair para o escritório ainda encontrei um anterior colega de trabalho para trocar umas impressões sobre o andamento dos afazeres. Vou até ao escritório onde troco impressos com a chefia e mando uns e-mails e imprimo uns elementos. Saio em direcção ao Cacuaco pelas 10:30. Chego à zona da Mulemba e deparo-me com um engarrafamento enorme. Trabsito literalmente parado. Não andei um metro em 40 minutos. Este tipo de engarrafamentos é susceptivel de assaltos e resguadei-me para o interior de um complexo existente. Ainda pensei em almoçar por lá e ir mais tarde... mas acabei por encarar o engarrafamento e almoçar com os colegas em Cacuaco. Depois fomos ver as duas obras de reparação das casas. Na Ecocampo e na CAOP vi o devagar-devagarinho da sinfonia de Angola. Tudo soava a lentidão e demora! Nenhuma das músicas era de agrado dos meus ouvidos e fomos de regresso ao PTC. Delineamos quais os principais trabalhos a efectuar e os prazos respectivos...Conversa entre conversa e um desabafo daqui e outro dali... A VIDA É UMA DÁDIVA que temos de ter a capacidade de saber agradecer. De ver o que existe à nossa volta e ter a percepção de como somos privilegiados face a uns e uns coitados face a outros. Fácil é ter uma perspectiva negativa e dizer que somos sempre coitados..outra perspectiva é lutar diariamente para que possamos ser sempre melhor! Quero pertencer sempre ao 2º grupo mas por vezes sinto-me conformado com a minha incapacidade de mudar certas ocorrências que me rodeiam. Mesmo assim tento tirar as melhores ilações do sucedido para não tornar a repetir o erro.

Termino reforçando a ideia de que a A VIDA É UMA DÁDIVA e que devemos aproveita-la!

Agora vou tomar um banhinho para ir jantar à ilha e abanar um pouco o capacete. È fim de semana e tenho de aproveitar.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Um dia de S. Martinho diferente!...

Hoje eram 5:30 e já estava levantado. Apesar de ser feriado em Angola (11 de Novembro de 1975 foi a Independência de Angola) eu decidi ir trabalhar para ver o andamento dos trabalhos em Porto Amboim e Gabela. Vim com o Sr. Henrique e saímos de Luanda bem cedo para evitar o trânsito. Mesmo assim ainda estivemos em filas na zona de Benfica. Fomos até ao Miradouro da Lua onde tive a oportunidade de recordar aquela bela paisagem lunar. Pena é o que o pessoal não saiba manter expurgado o local e deixem o lixo a solta. Passamos a ponte do Rio Kwanza e eu cedi o volante, dado ter os olhos com vontade de se fecharem de cansaço. Soube mesmo bem dormir aqueles momentos preciosos e dar liberdade aos sonhos! Chegados a Porto Amboim foi um descalabro: a visão da parede que serpenteava o talude e curvava-se para pedir permissão de ficar mais aprumada… Descascadelas à parte, seguimos para Gabela dando ainda tempo de testar os pneus no lamaçal da entrada da ETA, pondo à prova a perícia do condutor! Reunimos com o Tom onde nos explicou dos trabalhos a executar. Almoçamos 1 sandes mistas para poupar tempo e seguimos para Kibala onde chegamos já perto das 15h. Falamos com o Encarregado onde nos contou que desde à 4 dias que não trabalhava devido à intensidade da chuva no local!... Demos as indicações que consideramos essenciais e implantamos a obra num novo local, para facilitar a compactação. Seguimos com intenção de visitar Calulo mas o Sol baixou mais depressa que a minha Hilux e seguimos até ao Dondo para procurar estadia. Depois das indicações precisas do meu homónimo fomos até Cambambe onde tínhamos agua quente mas já não apanhamos jantar. Depois das 21h tudo fechava e nos desesperados por comida, apenas com umas sandes no estômago. Fomos à procura e o melhor que consiguimos foram mais 2 sandes de fiambre. Vieram para a mesa 2 sandes para cada um. Pedimos a manteiga e apareceu de seguida. Depois perguntamos se não tinham salsichas ou algo mais para colocar no pão. Disseram que não mas mesmo assim atiramos o pedido atum que serviram juntamente com maionese. Era agora ou nunca para matarmos a fome. Comemos sandes de fiambre com atum e manteiga que estava completa com o pormenor do pão descongelado. Bebemos 2 EKAs para dar o sono e fomos dormir… que dia de São Martinho … Creio que só faltaram as castanhas e o vinho!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Um Domingo de praia

Hoje comecei o dia pelas 10:00 a fazer uma pequena limpeza na casa. Mais tarde recebo um telefonema a informar que uma amiga tinha tido um pequeno toque com a viatura. Nada de especial pois aqui as tangentes tornam-se secantes em muitos pontos...e ninguém se tinha aleijado...chapa há muita! Depois um telefonema do trabalho, para ver o andamento da recuperação de um imóvel. Vestido e calçado a rigor de Domingo (calção de praia e sandália) lá vou eu ver os trabalhos. Umas coisas bem e outras a reparar, dou o assunto por terminado quando me liga uma colega para ver as milhares de bicicletas estacionadas junto ao Porto de Luanda! Eram mais de 3500 (contadas por mim). Vai ser para o dia da comemoração da Independência de Angola aos 11 de Novembro de 1975. Decidimos ir até a praia do Tamariz e tomar um banho na contra-costa. Dia um pouco ventoso mas a água ainda era convidativa. Mais um telefonema de colegas que estavam numa praia mais a cima e resulta no convite de nos reunirmos ao almoço. Eram perto das 2 da tarde e la nos encontramos na Canoa. O bacalhau tardou cerca de 1,5 h mas estava bastante bom! Nota positiva pelo sabor e pelo local mas negativa pelo tardio serviço. Tempo de ir até casa e mudar de roupa para assistir ao jogo das meias finais da MonteAdriano. Ganharam por 5-2 depois de virarem o resultado de 2-1 para o adversário. Terminada a partida vou buscar um colega de trabalho para ir a um jantar de aniversario no Chinês. Desde já os Parabéns ao Rui pelo seu aniversário dos “noves fora” anos de vida!

Ainda deu tempo de regressar a casa e ver o desfecho do Porto-Sporting com o empate passados 120 minutos e o sorteio dos penalties a ditar a sorte para o FCP.

A melhor parte do dia chegou quando consegui, pela primeira vez, realizar uma chamada mundial! Estava a falar com mais 2 continentes ao mesmo tempo. Eu na África, os meus pais na Europa e a minha Mana na América. Muito bom para matar saudades e sentir que não estamos sós.

Não deu tempo de ir a missa mas depois de escrever ainda há tempo para orar.

Pelo meio aconteceu uma aventura aconteceu: fui mandado parar pela Policia quando saía da ilha de Luanda....perguntem ao Henrique como foi, porque se for eu a dizer ninguém acredita!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Jantarda de Natal Mitchada

A pedido de muitas famílias decidi escrever este post para tentar reunir um maior número de pessoas mitchadas espalhadas pelo Mundo para nos reunirmos à mesma mesa no dia 22 de Dezembro. Pretendo realizar um jantar de Natal onde podes participar. Para isso basta confirmares a tua presença atraves de um comentário ou pelo e-mail: mitchado@gmail.com. Um abraço de Luanda!

Mil e uma coisas por dizer! E dois meses sem escrever…

A vida é feita de aventuras…Muitas já eu abri e já fechei. Outras seguem abertas a bordo do meu comboio. Coisas continuam por fazer apesar de muitas já terem sido feitas. Esta é uma realidade apenas compreendida em Angola onde o filme se torna realidade e a realidade se confunde com um filme. Depois das eleições em Angola (que eu tive o privilegio de presenciar) vieram as dos EUA que a minha Mana presenciou. Estamos desde 1 de Outubro afastados por 6 h no fuso horário. Nunca estive tão longe…Mas é bonito sentir que mesmo longe, estamos perto, mesmo afastados, estamos juntos, mesmos desligados vamos sabendo o que se passa no dia-a-dia de cada um! A vida é assim. É fazer com que a nossa presença faça a diferença e que a nossa passagem deixe rastro. Quem passa e nada deixa é como o vento que sopra e não muda nada. Agora mais concretamente sobre a cidade de Luanda ontem comentava com um colega meu que isto está muito melhor. Mais qualidade de vida. Agora já há semáforos com contador! Aparecem os segundos para aparecer o verde e durante quanto tempo o mesmo permanece! Pessoas a correr e a praticar exercício físico numa das avenidas em direcção a Viana; nunca pensado há um ano atrás. Todos os dias isto muda…para melhor. Obrigado por me acompanharem nesta viagem de mil e uma aventuras, as quais vão sendo partilhadas convosco, na medida do possivel!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Parabéns e Regresso a Portugal

Depois de uma missão quase impossível estar quase concluída fui receber parabéns! Parabéns pela missão que coincidiu com o meu primeiro aniversário neste país. Aterrei aqui no dia 6 de Setembro de 2007…e este blog reproduz um pouco aquilo que tenho vindo a fazer desde então! A todos aqueles que partilham as minhas aventuras um grande abraço para eles e um beijo para elas! Vou regressar a Portugal no dia 10. Tenciono passar alguns dias pelo Porto e se estiverem por terras tripeiras dêem um alô para o meu terminal móvel 965484688. PS: Aos aniversariantes que fizeram anos e eu não dei os parabéns um SORRY e vemo-nos em Portugal.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

24 H

Estamos a 1 dia da realização das eleições. Hoje houve tolerância de ponto para alguns e para outros não! Eu fui dos que se levantou às 6:30 da madrugada e pelas 0;30 ainda me encontrava reunido no quartel general das operações recebendo instruções e mandando os meus “bitaites” de relativa importância. Os memorandos foram executados e as ordens de serviço distribuídas. Amanhã teremos mais pássaros no céu se as condições climatéricas assim o permitirem.

sábado, 30 de agosto de 2008

Eleições a 5 de Setembro

Pois é! Angola vai ter eleições legislativas no dia 5 de Setembro. Já só faltam 6 dias para que cheguem as 2ªas eleições deste país. As coisas que agora acontecem são incríveis. Mobilizam-se esforços para que tudo se realize com o maior rigor possível. Vejam só que até me recrutaram para pilotar helicópteros. Nem eu acreditava quando me deparei com o comando na mão e os auscultadores nas orelhas. Grande montagem!!! Parei de viver a minha vida e entrei num filme onde tudo acontece…
A CNE (Comissão Nacional Eleitoral) dispõe de inúmeros meios para que as condições para efectuar a votação cheguem aos pontos mais remotos. Nas diversas províncias foram mobilizados unimogs e helicópteros para fazer chegar tendas, sacos cama, mesas, cadeiras, urnas, cabines, material de telecomunicação e iluminação, detectores de metais, etc a todas as comunas… Eu estou a ajudar no que posso na província do Uige! Que locais tenho visitado, que cenas tenho presenciado…nem sei por onde começar…
Avisem-me para quando estiver convosco para contar a história da água quente no hotel, do “aluguer” da casa dos pilotos, das entregas em Quimbele, da navegação às escuras, do presidente político, da reunião na assembleia, do pagamento do jantar pelo coiso, da compra do Jet, das chamadas para o lado, do possível atropelamento das miúdas, do tradutor para os sul africanos, do acidente de mota, dos dois pneus furados…são tantas…mas tantas…parece um filme mesmo aqui…a mitchês acontece mesmo dentro de um pequeno forno de pão!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Vida, vida

Muito se passa e eu nada escrevo...para variar. Na nova empresa tenho feito um pouco de tudo! Não tenho dias iguais e não me posso queixar de monotonia. Tenho vivido experiências fantásticas, alguns encontros imediatos não tão gratificantes (principalmente com o carro) e o melhor de tudo é que já tenho data de ida a Portugal. Vou passar o período das eleições, que se realizam no dia 5 de Setembro, no meu país à beira mar plantado. Aqui já se nota a campanha na rua. É um grande desafio para este país, a realização das 2ªas eleições da sua história. Todos os dias acontecem coisas novas. Estão a investir dinheiro para que se reúnam todas as condições. Existem 5 formas de cada eleitor saber qual a sua mesa de voto: por SMS, pela internet, por telefone, por PDA (existem 2000 voluntários com um PDA e base de dados) e por quiosques electrónicos espalhados nas capitais das 18 províncias de Angola! BRUTAL!!! No trabalho também tenho andado por muitas localidades. Já instalamos 2 Estações de Tratamento de Agua - uma em Ambriz e outra em Caxito. Estamos a trabalhar em Muxaluando e depois vamos para Quibaxi. Mas o melhor foi visitar os locais de helicoptero. A minha primeira vez!!! Tenho fotos memoráveis que não posso partilhar convosco, pois permanecem na minha memória. Partilho uma no meio de miúdos que se aproximaram para ver quem saia daquele objecto voador que provocava a imensidão de poeira. Estou agora em casa a regressar de um jantar de despedida de mais uma amiga que segue a sua vida e busca a felicidade. Para ela deixo os versos que depois de abrir boca de sono mais de 3 vezes me saem por entre os dedos:

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Nem tudo corre bem...The day after!

Depois da primeira noite na casa e de tomar banho de agua fria por não saber como se ligava o cilindro, tive uma manhã bastante desagradável. Ao sair de casa sem o pequeno almoço tomado (o que muito raramente acontece) dei de caras com a minha carrinha Mitsubishi L200 com o vidro traseiro partido e os dois espelhos retrovisores roubados!!! FIQUEI FULO!!! Tive de telefonar ao Departamento Logístico que me ajudou a resolver a situação de forma rápida. Depois de encaminhar todo o processo com a ajuda do ppl da empresa fui até à FILDA (Feira Internacional de LuanDA) onde estava uma comitiva de gente de vários quadrantes sociais e políticos. Conheci diversas pessoas e fiz contactos importantes através de 2 colegas de trabalho com quem ia a reboque...desde o empresário ao Embaixador de Espanha passando por Ministros dos Negócios Estrangeiros, parecia um verdadeiro carrocel...até cheguei a "conhecer" pessoalmente pessoas com quem já tinha tido o prazer de falar via telefone ainda em Portugal! Até o Primeiro Ministro de Portugal – Eng. José Sócrates lá andava! Mas o Mundo aqui é ainda mais pequeno e os conhecidos esbarram-se...no final do dia ainda deu tempo de fazer umas compras, jantar em casa da Rita e escrever um pouco no blog! Assim é o dia-a-dia de uma nova etapa na minha vida que tenho o privilegio de partilhar convosco.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

As fotos da casa

Mudei de Casa

Mudei de casa!

Hoje vim dormir à minha casa nova! É um apartamento T1 que foi remodelado para mim!!! Que fixe. Um obrigado a quem teve o bom gosto de proporcionar este ambiente! Agora está mesmo novo e tenho de comprar umas coisinhas para lhe dar vida de forma a ficar mais acolhedor e lhe poder chamar “o meu lar” de Angola! Depois vou convidar pessoas amigas para lhe dar o cheiro da utilização...da vida...da mitchês! Convido-vos a entrar. Não posso oferecer bebidas porque não estão frescas. Ainda não tive tempo de fazer gelo!!! Estou à espera de morangos de Portugal para fazer uma Morangosta, como já foi prometido!!! Porque a vida não pára, prometo dar noticias das mudanças que se vão fazendo...beijos e abraços!

Agradeço as palavras de incentivo que me têm enviado com a última alteração da minha vida! Obrigado.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

“A quem muda Deus ajuda!”- lá dizem por terras portuguesas aqueles que mais conhecimentos têm... eu por cá posso dizer que, por agora, estou a gostar! Desde que deixaram de contribuir com os meus serviços que tive a possibilidade de me dedicar mais a mim! Fui cortar o cabelo pela 1ª vez (já estava mesmo grande, tipo permanente dos anos 70) e não correu muito mal...e nem foi caro... 7 €. Mudei de casa para uma situação temporária. Quem diria que estaria a viver em Angola com uma Mitchada! A Rita acolheu-me de braços abertos e tenho direito a cama, comida e roupa lavada. Um Muito Obrigado pelos pequenos almoços e pelo jantar de hoje com o toque especial do arroz “basmati” e da meloa de sobremesa! Gracias! Agora é tempo de encarar novos desafios! Fica o meu novo contacto para aqueles que não tive o tempo de avisar das minhas alterações! +244 917 750 046. Para os Mitchados espalhados pelo Mundo, um grande abraço e força nas vossas convicções.

domingo, 29 de junho de 2008

Saída da MonteAdriano

A vida é cheia de mudanças e elas não acontecem em vão. Este último mês tem sido profícuo em alterações na minha vida pessoal e profissional... Vou sair da empresa MonteAdriano e ingressar num novo desafio... Vou continuar em Angola, neste país com excelentes potencialidades de negocio e de relações interpessoais. Foi um tema pouco abordado neste blog - o das relações interpessoais. Neste grande país, longe da família, amigos e colegas habituais de trabalho nós predispomo-nos a abrir o nosso coração e receber amizades com uma facilidade incrível. Desde o último post já acampei com actuais novos amigos, fui a festas de aniversário sem conhecer o aniversariante, convidei pessoas para jogar à bola através de outros amigos, fui confidente de conflitos amorosos de diversos níveis....e até ...conheci a Sofia Aparício numa noite no Palos...que noite...um copo daqui e outro dali e estava eu a dançar em cima do Palco...a dança foi uma forma de exteriorizar todo um aglomerado de sentimentos transformados em movimentos curvilíneos ao ritmo da batida...correu bem, pois fui apelidado de sex appeal – “Quem eu?” perguntava quando me abordaram noutra discoteca. – “Deves estar enganada!” – retorquia mais uma vez! Mas mesmo no trabalho as relações são importantes para o sucesso de uma organização. Falo daquilo que sinto pois o trabalho acaba por ser a nossa vida, uma vez que trabalhamos num país onde aterramos à relativamente pouco tempo e nos encontramos a estabelecer novos laços... É fundamental uma pessoa saber para que trabalha, conhecer o objectivo da empresa e saber como pode contribuir para que esse objectivo seja concretizado. O meu objectivo pessoal e o sentimento de realização já não estavam a ser saciados e nada melhor que uma mudança para renascer o espírito empreendedor dentro de mim. Até as coisas a nível afectivo ganham outro dinamismo e outro significado. Quando acordo cresci mais um pouco, Ontem vivi mais uma lição Quer no trabalho quer com amigos E sobre assuntos do coração. As relações são do mais importante Das profissionais às pessoais, O que queremos mais na vida É ser felizes cada vez mais. A todos os meus colegas, Um grande Muito Obrigado, Foi a minha primeira empresa, Onde aprendi a deixar legado. Novo futuro se avizinha, Num país promissor, O desenrolar das relações, Torna-se mais veloz q’a dor.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Fotos de Huambo

Já me encontro em Luanda! Antes de me alongar no Blog queria deixar o meu MUITO OBRIGADO à Aimy e ao Henrique que me receberam na EcoMansão com um requinte especial. Tive o privilégio de saborear comida peruana “patata rellena” que é de comer e chorar por mais e ainda outro prato que destaco do cheff Henrique - empadão de arroz - que foi composto com carne da “Posta à Mirandesa” que experimentamos no Central. Foram uns dias que deram para parar e descansar… Conheci o Estaleiro da empresa, bem como a Filial de Huambo, que já tem melhores condições que Luanda…. Mas o que realmente realço é a calma, a paz e o clima da Cidade que se encontra bem mais destruída mas com um potencial de investimento grandioso. Para quem gosta de estar com a família e ver um filme ao final do dia em casa, não há melhor. Se preferirem ir até ao Casino, ver um cinema ou tomar um copo numa discoteca e dançar um pouco...então esqueçam! Há outros prazeres que em Huambo têm outro sabor.

domingo, 4 de maio de 2008

Sentimentos que percorrem a alma em Huambo

Aqui por Huambo há tempo para tudo... o trabalho corre de forma diferente e existe tempo para pensar no que queremos efectivamente fazer da nossa vida. A razão de estar em Angola é uma pergunta que deverá ser feita a todos aqueles que me acompanham nesta jornada! Existem objectivos de vida pessoais que acompanham a carreira profissional, mas quando esses caminham não seguem a mesma direcção há que pensar e reflectir se realmente vale a pena o esforço de continuar afastado dos entes queridos e do nosso país. Esta vinda ao planalto do Huambo abriu-me os olhos em determinados aspectos em que eu estava cego. As emoções e as razões que a mãe razão desconhece, são muitas vezes o motivo de tomadas de decisões que mudam a nossa vida. Temos é de ser capazes de saber aquilo que verdadeiramente queremos e os motivos que nos levam a decidir por determinado objectivo. São agora 5:30 da manha de Domingo e eu acompanhei a vivência de muitos colegas nesta localidade pacata onde existe muito a fazer. Mas não basta fazer, pois o que fica é a forma como se fazem as coisas e como elas “ficam visíveis” a quem nos acompanha. Gostava eu de encontrar a minha baliza para poder preparar o remate e marcar golo, caso contrario poderei sentir a necessidade de mudar de equipa…

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Início da Viagem para Huambo

Muito eu aqui vivo e pouco escrevo. Estou agora no aeroporto de voos domésticos em direcção ao Huambo onde a minha empresa tem o seu núcleo e a sua força. Aqui por Luanda poucos ficaram e o meu cumprimento vai para aqueles que se encontram de férias em Portugal, mas nada disseram até então. Um abraço especial para o Ricardo que se viu forçado a permanecer em Portugal dada uma dor que lhe ocorreu após um jogo de futebol…as rápidas melhoras. Agora uma palavra de apreço pelo colega Peewee que nos deixou dado que este desafio não se enquadrava nos seus planos de vida, actualmente. Fica o repto de um regresso para outra aposta… Ás Ritas, ao Vítor, ao Luís, à Nadia, ao Fernando, à Carla e ao Jorge – que aproveitem e regressem cheios de energia e de ideias novas para partilhar com os que cá ficaram a aguentar o barco. Os dias vão passando e vou conhecendo cada vez mais restaurantes, bares / fornecedores e subempreiteiros. Estive há dias no Coconuts onde tive o privilégio de apreciar um Cherne com banana perfumado com Maracujá – brutal! Para sobremesa ficou o Petit Gateaux que foi solicitado a muito custo ao cozinheiro pois não tinha o forno a trabalhar a 100%. Ainda esta semana dei por mim a beber um vinho do Porto de 1982 – Vintage numa discoteca….ainda me perguntei se seria possível e fui abrir uma nova garrafa pessoalmente! Era tão doce que no dia seguinte ainda sentia “cola” nos lábios. Vou agora partir para um novo episódio na minha estadia em Angola que gerará novas histórias sendo que umas ficam na memória durante algum tempo, umas perduram mas outras esquecem-se.

sábado, 19 de abril de 2008

De volta a Angola!

È incrível como o tempo passa... O meu último Post falava do meu “Regresso a Portugal”!... Foram 2 semanas super rápidas a andar de um lado para outro no País à beira mar plantado. Uma Páscoa que já lá vai e o reencontrar de uma família. Foi tão bom, que sempre que quero viajar, basta fechar os olhos e voar! Em Angola desde o dia 6 de Abril os acontecimentos sucedem-se a ritmo alucinante…já me assaltaram o jipe para me roubar o rádio e o telefone, já me bateram na porta dando origem a uma perseguição tipo filme…2 fins de semana passados e 2 aventuras vividas…os jogos de Poker a polvilhar o aroma de diversão e entretenimento para dar energias de forma a conseguir aguentar estas semanas de trabalho numa cidade cada vez mais populosa, mais caótica e mais perigosa!...

sábado, 22 de março de 2008

De regresso a Portugal

Cheguei ontem a Portugal para surpresa dos que me amam. Foi uma experiência única e irrepetível que passo a partilhar convosco. Decidi fazer esta viagem à cerca de 2 semanas e depois de ter a devida autorização, foi só marcar a viagem. Ainda dei algumas pistas através de um poema que enviei para comemorar o dia do Pai, mas ninguém desconfiou… A noite de 20 para 21 começou com a jantarada do Bacalhau com Natas onde estiveram presentes os 8 da vigairada: o Ricardo, o Sérgio, as 2 Ana Rita, a Márcia, o Paulo, o Zé e eu. No início comecei eu a cozinhar mas tenho que agradecer à Rita e ao Ricardo que me substituíram devido à minha indisposição momentânea. Antes disso tinha ido à Clínica de Alvalade fazer o teste do Paludismo. Fui picar o dedo, recolher uma gota de sangue e aguardar 40 min. para saber que não tinha a famosa doença africana, embora mantivesse uma grande moleza por todo o corpo. Pressuponho que se tenha devido ao sol que apanhei durante a manhã!... Depois do jantar na mesa, juntei-me ao grupo e provei o pitéu. Muito bom! Parabéns aos cozinheiros. Ainda ouvimos uns Kizombas, dançamos e bebemos uns canecos. Fomos até minha casa onde nos separamos, tendo uns continuado a Night no Palos , outros tornado ao vale dos lençóis e eu fiquei para fazer a mala tendo o Ricardo permanecido, dada a minha moléstia. Acabei de fazer a mala põe volta das 4 da matina deitei-me durante 1 hora e pouco, tendo o Rui aparecido em casa pelas 6:15 para me levar ao Aeroporto 4 de Fevereiro. Com uma soneira considerável e uma mala para carregar fui abordado por um jovem que me facilitou a entrada na zona de check-in mediante uma gratificação que me evitou mais de 20 minutos de espera. Eram 7:15 e já estava na zona de embarque esperando que o voo não se atrasasse. Tal não aconteceu pois saí de Luanda às 9:30. A viagem decorreu rapidamente – dormir, comer, dormir, comer e ainda vi dois filmes pelo meio – as 8 h de viagem assim se passaram… Em Lisboa ainda houve tempo para comprar um relógio para me orientar na minha estadia em Portugal. Uma nova jornada agora a bordo do Boeing “Almada Negreiros” e estava no Porto pelas 18h. Ao passar pela Alfandega fui ainda abordado, pela primeira vez, para abrir a mala. Esse tempo foi desperdiçado indevidamente pois quando cheguei à Estação de Campanhã, depois de ter apanhado o metro, o comboio das 20h tinha saído à menos de 5 minutos… Fiquei irritado mas, sempre nas calmas…Comprei um livro “Fantasmas” para me rir um pouco com as confidencias sexuais de umas mulheres francesas e os comentários de um sexólogo! Parecia um maluquinho com as risadas que pronunciava no banco da sala de espera e ainda no banco do comboio regional que partiu às 21:56 da linha 13. Eram 23:15 e desci sozinho na Estação de Mosteirô nas encostas do rio Douro. Fria, escura, mas limpa e segura; com a imagem da lua reflectida no rio, iluminando a paisagem...Peguei na mala e caminhei em direcção a casa pela linha do comboio, pensando qual seria o método de abordagem ao chegar ao destino tão ambicionado… Decidi pegar no telemóvel e ligar para casa. A minha mãe atende e à pergunta “Onde estás?” respondi “Benguela”. Nesse entretanto desloco-me para junto da janela da sala e bato. "Toc, Toc" na persiana. Conseguia ouvir o meu próprio bater através do meu telefone! A minha desconfiou e ainda perguntou “És tu?”. Eu desliguei e tentaram abrir a porta da cozinha para saber quem estava do lado de fora. Esforços infrutíferos pois foi necessário o meu pai deslocar-se pela porta principal para averiguar quem estaria a bater e não dizia quem era. Como a zona era escura a abordagem foi efectuada com cuidado. Depois de me reconhecer (dado que eu dificultei a tarefa mantendo-me ligeiramente agachado) foi uma explosão de alegria culminada com abraços e sorrisos. Demos a volta para entrar pela porta principal e já se encontrava a minha mãe com os nervos a percorrer o corpo. A minha avó tinha os olhos a brilhar por ver o netinho mais velho inteirinho vindo de Africa. Nem queriam acreditar! Fruto disso foram os beliscos que sofri! Mas naquela altura desculpei tudo. Como a minha mana e os primos Luís e Zé não estavam em casa liguei-lhes e mantiveram-se estupefactos até me verem em carne e osso. Foi uma alegria imensa ver a família toda reunida. Fica a foto que tiramos depois de ter repartido os presentes!....
Tozé, Zé, Eduardo, Mitchado, Manuela, Luís, Rosa, Alzira e Anita

sexta-feira, 7 de março de 2008

Comemorar o visto de trabalho!

Ai vida, vida!!!! O que ela é, e o que fazemos com ela… Momentos irrepetíveis são aqueles que vemos e julgamos impossíveis de se concretizarem. Outros aqueles que desfrutamos de tal forma que queremos que nunca acabem…Este feeling surgiu depois da celebração da saída do meu visto de trabalho…pois é…doravante apenas trabalharei, nada de folia e diversão – já tenho “Visto de Trabalho”! Será isso possível para um Mitchado? Não sei. Tudo aqui é novo e temos de aprender a viver de forma diferente. Há quem diga que não gosta disto e afirme que pretende ficar cá uma vida. Outros dizem que é apenas uma etapa passageira de ganhar um pé de meia, mas deixam de viver e usufruir dos momentos para poupar algum… Vejo solteiros como eu, casados com a mulher em Portugal, pares de namorados a construir uma vida, outros casados com a mulher aqui e a viver em casas separadas para não importunar o trabalho, outros com uma mulher cá e outra lá…Vê-se de tudo, mesmo tudo… Só para terem uma ideia – desde um casal a fazer sexo no patamar da escada do prédio, passando pelo jovem a procurar comida no lixo, ao chinês no casino a gastar mais de 3 vezes o seu salário… tudo acontece…tudo se passa, inclusive o policia aceitar um cumprimento e uma bonificação por nos deixar continuar a nossa jornada. Cada um tem de encontrar qual a sua jornada, o seu rumo, o objectivo para o qual enquadram a sua existência e permanência numa realidade tão distinta. Muitos circulam apenas, existem, e vêem passar tudo ao seu lado. Outros intervêm e têm a capacidade de mudar e deixar a sua marca, por vezes indelével mas que altera um futuro que parecia tão semelhante ao presente. Gostaria de ter determinadas forças para poder fazer tudo aquilo que penso…o sonho é um veiculo que circula a velocidade demasiada para ser acompanhado…mas o que mais irrita não é o impossível que deixa de se concretizar mas o alcançável que não apareceu. Vamos fazer com que o alcançável apareça. Com muito trabalho e um pouco de loucura, chegamos lá! PS. Este texto lido por mim, um transmontano, tem uma entoação diferente e um sentimento intenso. Mas tentem… leiam em voz alta e deixem de pensar que o colega do lado lá está! Somos apenas nós e as estrelas!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Pois é! Quase nos 2000 visitantes e de muitos lados do mundo.. Senti que hoje deveria partilhar uma frase:
"Viver é facil, o dificil é saber viver!" que vai de encontro ao que muita gente faz e quando se da conta já era ou já passou onde fica o recado de que "É preciso viver, não apenas existir!".
Permanecer aqui em Angola é um grande desafio. Maior ainda é o de uma pessoa se sentir feliz e realizada. Há momentos em que isso acontece. Fica o objectivo de aumentar esses momentos e recriar outros mais.
Façam o mesmo quando sentirem que a agua parou de correr na cascata pois o moinho não pode parar...

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Fotos da Luanda-Namibe-Luanda

Viagem Luanda Namibe

Vou aqui partilhar convosco uma viagem cheia de emoções fortes e adrenalina a vários níveis. Na madrugada de dia 2 de Fevereiro partimos de Luanda em direcção ao Namibe. Eram cerca das 2 horas e estávamos reunidos na Sede da MA com as malas cheias de entusiasmo e ainda umas garrafitas de Smirnof que tinham sobrado da curta passagem pelo Bayin. Pelas 2:30 arrancaram duas viaturas: uma carrinha Mazda com 4 passageiros e um toyota Landcruiser com mais 3, dado que a restante comitiva estava ainda no vale dos lençóis e não dava noticias… O Eduardo tomou a dianteira e saiu disparado chegando à ponte do Kwanza em menos de 1 hora. Nessa altura a Ana dormia….Chegamos ao Sumbe (329 km) pelas 5:55 da manhã e “visitamos” a cidade de carro. Paramos para esperar pelos restantes veículos e juntaram-se a nós mais 1 LandCruiser e um Nissan. Reabastecidos os depósitos dos jipes e os estômagos, arrancamos a ferros uns cafés do empregado da cafetaria. Só duas horas depois é que estávamos a sair do Sumbe, eram já 7:58. Pelas 11:07 após 556 km de estrada em boas condições, chegamos a Benguela e encontramos o Xico com a sua carrinha Toyota e o Paulo com o Toyota Prado. Um pouco mais à frente fizemos uma nova pausa para reabastecimento do estômago com presunto, frango assado, batatas frita, muita fruta, cucas, gasosas, pão e agua! Com 5 carros a rolar na estrada e a ultrapassarem-se uns aos outros, as coisas ainda se tornaram mais bonitas quando a estrada acaba e começa a picada. Não houve Lisboa-Dakar mas tive o privilégio de participar no Luanda-Namibe-Luanda! Era lama, pó, saltos, agua a tornar a visibilidade nula após a passagem de uma poça…adrenalina pura! Pelo km 694 temos um pequeno toque que deu origem a que o outro jipe rebentasse o pneu. Tivemos que “emprestar” o nosso suplente para deixar de ouvir o rapaz e prosseguir a viagem. Mais à frente outra cena de cortar a respiração…o Prado tinha ficado pendurado no talude de escavação apenas com duas rodas. Tivemos de pedir socorro a um Toyota VX equipado com guincho que passava pela zona e a um Hummer H2. Na 1ª tentativa ainda se partiu um cabo de aço mas com a ajuda de uma cinta o VX “sacou” o Prado do talude. Às 20:28, depois de passar por muita chuva e andar por muita lama, chegamos ao Lubango (922 Km).
Quando nos preparávamos para descer a Serra da Leba deparamo-nos com um cenário difícil de descrever. Existia uma cortina de nevoeiro à nossa frente e ninguém se sentia com vontade de a atravessar. Equacionamos a hipótese de voltar para trás mesmo tendo o Hotel já reservado no Namibe. Felizmente apareceu um rapaz da zona que ia atravessar a Serra e regressar a casa. Lá avançamos com os 4 piscas ligados a uma velocidade de 10 a 20 km/h. Para não dar o sono ao condutor (eu) os meus companheiros de viagem fizeram o esforço de cantar umas musiquinhas. Foi tempo de relembrar o tempo da escola com o “Atirei o pau ao gato!”; “O elefante que chateia muita gente!”, entre outros e ainda o tempo da faculdade com o “Estou a estudar para Eng.!”…Depois de muito esforço e passados 1.112 km chegamos ao Namibe pelas 24:28, já dia 3 de Fevereiro. À nossa espera o Xico tinha preparado uma travessa cheia de caranguejos, um coelho do monte e um leitão. Foi de comer e chorar por mais… “Com um pouco de esforço até eu me conseguia habituar a esta vidinha!” dizia eu entre as gargalhadas dos demais presentes….exaustos, os 23 aventureiros pernoitaram no Hotel Moçamedes e num complexo de bungalows. Os dias 3 e 4 foram passados a visitar as redondezas e o deserto do Namibe com o Oásis no seu interior. Paisagens indescritíveis que nem as fotos transportam o seu verdadeiro esplendor. Foi nesse local que comi a melhor Manga até hoje…apanhada do chão, madura, suculenta, descascada com os dentes, boa, mesmo boa!...
Estou a compilar as fotos dos 4 dias de aventuras que colocarei no post seguinte!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Tentativa de betonagem

Tinha uma betonagem prevista para as 13:00 de dia 24/01/2008 e enquanto o betão não chegava, pelas 17:55, eu escrevia assim no meu caderno: "A vida é um percurso que se faz caminhando. Ao longo da caminhada podemos parar e escolher um rumo, um objectivo, uma meta. O que agora eu sinto é que não tenho mapa, mas também não me encontro perdido… Limito-me a percorrer a ladeira/trilho que me indicaram e eu aceitei. Tento tirar o maior partido desta oportunidade mas sei que me falta algo!....o quê, não sei… sou optimista por natureza e olho para o que envolve recolhendo os aspectos positivos e suspirando, pensando que os negativos se desvanecerão. Ao mesmo tempo a impotência e a pequenez assombram a minha presença quando constato com realidades quase irreais, impensáveis. Ao ver aqueles que “tudo” têm e não valorizam, nem pensam em nada/ninguém, creio que muito tempo falta para tornar este país num Mundo Melhor…mas ao ver aqueles que nada têm sempre com um sorriso nos lábios, uma vontade de se divertirem e jogar à bola, uma vivacidade que pode ser devidamente encaminhada, para instruir para direccionar este país. Será que eu sou uma pequena peça dessa mudança? Esta é uma das razões porque aqui estou. A auto bomba chegou e são agora 18:06 e tive a informação que os carros de betão vão carregar dentro de momentos. É uma primeira pedra que eu deixo, na qual participo. Será que o meu trilho me leva ao final desta construção? Estarei cá para ver o final do desafio? Só Deus sabe…vamos caminhando com um passo depois do outro e vivendo um dia de cada vez. São agora 21:53 e a primeira pedra ainda não foi lançada…a bomba estava obstruída e não deixava passar o betão. Tive de rejeitar 2 carros de betão e passadas tantas horas ainda não jantei…assim acontece em Angola!"

domingo, 20 de janeiro de 2008

O dia de aniversário

Pois é… o que pode acontecer infelizmente acontece… O dia de aniversário até correu bem tendo sido o almoço num restaurante agradável – Tambarino com os colegas da empresa que se encontravam a trabalhar ao Sábado. Depois fui fazer umas compras para a casa com o Ricardo e deixamos as dele na casa da Sagrada Família. Quando nos deslocávamos para o carro a policia chamou-nos do outro lado da rua para irmos ao seu encontro. Pediram-nos os documentos e nenhum de nós os tinha naquele momento. Fui ao jipe levantar os meus e o Sr. Agente obrigou-me a subir de novo ao 4º andar para ir buscar os do meu colega. Após a análise dos ditos fomos surprendidos com a frase: “Tenho de os multar!”. Eu agarrei na cópia do meu passaporte e disse que hoje não me podia multar porque fazia anos! Ao qual ele retorquio que não me iria multar mas pedia saldo. Terminado mais um episódio caricato, desloquei-me ao Belas Shopping comer um Sundae de chocolate e ver os empreendimentos que actualmente se encontram a construir na zona de Talatona. É uma urbanização pensada e estruturada onde coexistem áreas habitacionais, em condomínios fechados, e parques industriais. Segundo palavras do meu colega: “Esta seria a área ideal para trabalhar! Assim não custava nada!”, http://maexpa.co.ao/pt/empreendimentos/villas-do-atlantico Pelas 21 h reuni alguns colegas e amigos de Angola. Totalizávamos 15 cabeças ao jantar na Pizzaria Padrinho. Foi um jantar de comida Italiana com direito a um bolo de aniversário de massa folhada gentilmente oferecido pela colega Ana. Aproveito e agradeço a todos aqueles familiares e amigos que ligaram ou enviaram SMS’s a felicitar-me pelo dia de aniversário. Eu fiz o mesmo com o amigo, colega e Mitchado Ivo Dias que nasceu exactamente no mesmo dia e é da grandiosa cidade de Bragança!!! Terminado o repasto alguns de nós ainda se aguentaram até ao bar Chill Out na ilha de Luanda. Estava uma noite com uma temperatura amena e possibilitava a bebida de umas Spins mesmo no areal da praia. Mas o pior aconteceu quando regressei ao carro, por volta das 3h e verifiquei que o mesmo tinha sido assaltado pela porta traseira do meu novo jmny que me entregaram com 30 km. (à data de hoje já tem quase 700!). Levaram apenas a máquina fotográfica…mas com o cartão das fotos que ainda não tinha feito o download para o PC…fica a mensagem de nunca levar nada de valor para a night de Luanda e fazer o download periódico da informação disponibilizada em periféricos. No Domingo aproveitei e fui à praia dos Surfistas (a Sul de Caboledo) aproveitar o maravilhoso tempo do mês de Janeiro!!! Ainda me faz um pouco de confusão estar na praia nesta altura do ano e interrogo-me: “Mas o que é que eu fiz para merecer isto?”, é tão bom! Durante a próxima semana tenciono colocar algumas fotos do jantar, cedidas pelas pessoas que levaram os seus aparelhos para o evento dado que as minhas devem estar algures por aí!!!!

sábado, 19 de janeiro de 2008

Um ano mais

Venho agora aqui escrever para dizer que estou um ano mais velho, mais sábio, mais experiente e mais maduro. Há 27 anos atrás estava eu a vir ao mundo e ninguém diria que nesta data estaria em Luanda, Angola. A vida é um poço de surpresas e elas estão sempre a acontecer… Ainda na semana passada tive um acontecimento digno de ser partilhado: Fui ao Bolo-Rei (uma pastelaria junto da Sede) com o colega Ricardo e pedi uma nata e um Compal de Pêssego. Deram-me o ticket e dirigi-me ao balcão ao que me informaram que não dispunham de Compal de Pêssego e apontaram para dois frascos de compal – um de cenoura e outro de ananás. Escolhi o de ananás. Quando vêm com a bandeja para a mesa aparece um compal de manga laranja dado que os de ananás não estavam frescos. Como se isso não bastasse, ao agitar o frasco de vidro este parte-se e inunda o chão e ensopa as calças do meu colega. Só à quarta tentativa é que consegui beber o meu Compal. Tudo pode acontecer mas ainda bem que quase tudo acontece…

terça-feira, 8 de janeiro de 2008